sexta-feira, 12 de junho de 2009

O Exterminador do Futuro: A Salvação


McG é um diretor competente. E se você acha que esta opinião é motivo suficiente pra me enforcar em praça pública, vai ficar ainda mais colérico ao saber que acho que mesmo em As Panteras 2: Detonando, ele fez um bom trabalho, do ponto de vista dos enquadramentos, do tempo que é dado a cada cena, a cada gesto, do modo como ele dirige nossa atenção e orquestra outros elementos do fazer cinema, como a fotografia, a trilha, a edição de imagens e de som. Em Exterminador do Futuro: A Salvação, McG até se deu ao luxo de ousar em algumas tomadas, como um plano-sequência com Christian Bale que me fez lembrar de certos momentos de Filhos da Esperança. O que há de lamentável neste filme, e que o estraga para além do suportável, é o roteiro.

Não tive coragem de assistir o terceiro filme da série, mas os dois primeiros longas, de James Cameron, apresentavam uma mitologia rica. Alguns elementos que remontam aos primeiros filmes foram relembrados, como a cicatriz no rosto de Connor e a canção You Could Be Mine, dos Guns N' Roses, tema do filme de 93. Mas as características dramáticas se dispersaram em uma narrativa morna. John Connor, aqui interpretado por Christian Bale, era alguém que conhecíamos desde 1984: o homem que carregaria o fardo de liderar a humanidade contra máquinas assassinas auto-conscientes, e que desde criança teria de se preparar para isso. Imagine o dilema de mandar ao passado o próprio pai, Kyle Reese, que morrerá para proteger a mãe de Connor de um ciborgue enviado para acabar com o líder da resistência antes mesmo que ele nasça. Neste quarto filme, o papel se inverte, e é Connor quem precisa salvar o pai, um adolescente interpretado por Anton Yelchin. Esses laços de paternidade, quase que mútuos, entre dois caras que ainda não se conhecem, é tratado com desleixo pelos roteiristas. Connor é apenas um cara mau-humorado que em nenhum momento cativa o espectador, que acaba se afeiçoando muito mais ao carismático personagem de Sam Worthington, Marcus, um homem que se torna aliado do herói, mas esconde um segredo que ele próprio desconhece.

O problema é que, paralelamente à ação initerrupta, há gritantes furos de roteiro que nos levam a pensar até que ponto as máquinas são mesmo ameaçadoras. A começar pela clássica e insistente manobra dos ciborgues de arremessar os mocinhos de um lado para outro quando poderiam simplesmente atravessar o peito das vítimas com as próprias mãos. Ou então, o fato absolutamente ilógico de não matar Kyle Reese em vários momentos perfeitamente oportunos. E o que dizer do intragável e constrangedor ato final, quando as máquinas fazem a mais burra e recorrente mancada da vilania humana, de contar o plano maligno?

Concordo com a crítica de Isabela Boscov, da Veja. Este novo filme é melhor do que o terceiro Exterminador, mas não vai muito além disso.

Nota: 5,0 (de dez)