TROPA DE ELITE
É GUERRA?
Uma das melhores coisas que a pirataria fez por Tropa de Elite foi esquentar os motores das rodas de discussão. Como todo mundo viu o filme em cópia pirata e só poderia comentá-lo após suas estréia "oficial", não parece forçoso acreditar que as críticas e debates que tomaram lugar nos veículos de comunicação já começaram bem amadurecidos.
Na terça-feira do dia 09 de outubro, o filme nacional mais badalado deste ano foi tema do Observatório da Imprensa, programa da TVE. A roda de debatedores contou com a presença do diretor do longa, José Padilha. Durante as considerações finais, o filósofo Renato Janine Ribeiro levantou a situação trágica dos protagonistas deste longa-metragem: "A tragédia ocorre por um descompasso muito grande entre aquilo que você almeja e aquilo que você obtém." O Capitão Nascimento gostaria de erradicar o crime na sua cidade, mas por diversos motivos, ele percebe que não está vencendo nesta luta. Acredito que esta ponderação de Ribeiro é útil para discutir como tomamos partido dos personagens de uma narrativa e a dificuldade em enquadrar o protagonista de Tropa de Elite em nosso julgamento.
O Capitão Nascimento, ao mesmo tempo em que porta valores como honestidade e dedicação à farda, arromba lares e tortura inocentes. É um herói no país que mitificou Lampião e Getúlio Vargas. Ele nos leva a tiracolo durante toda a projeção e, durante todo o tempo, insiste em chamar de guerra aquilo que nos acostumamos a chamar de crise da segurança pública. E se concordarmos que há justeza no termo, estaremos de frente a perguntas indigestas. O que pode e o que não pode ser feito em uma guerra? E o que pode ou não pode ser feito numa guerra quando estamos no meio dela?
Graças à Tropa de Elite, os holofotes sobre temas como direitos humanos, violência e pirataria foram amplificados. O filme desconcerta e promove discussão. Essa é a maior conquista que uma obra poderia ter.
Nota: 9,0 (de dez)
Na terça-feira do dia 09 de outubro, o filme nacional mais badalado deste ano foi tema do Observatório da Imprensa, programa da TVE. A roda de debatedores contou com a presença do diretor do longa, José Padilha. Durante as considerações finais, o filósofo Renato Janine Ribeiro levantou a situação trágica dos protagonistas deste longa-metragem: "A tragédia ocorre por um descompasso muito grande entre aquilo que você almeja e aquilo que você obtém." O Capitão Nascimento gostaria de erradicar o crime na sua cidade, mas por diversos motivos, ele percebe que não está vencendo nesta luta. Acredito que esta ponderação de Ribeiro é útil para discutir como tomamos partido dos personagens de uma narrativa e a dificuldade em enquadrar o protagonista de Tropa de Elite em nosso julgamento.
O Capitão Nascimento, ao mesmo tempo em que porta valores como honestidade e dedicação à farda, arromba lares e tortura inocentes. É um herói no país que mitificou Lampião e Getúlio Vargas. Ele nos leva a tiracolo durante toda a projeção e, durante todo o tempo, insiste em chamar de guerra aquilo que nos acostumamos a chamar de crise da segurança pública. E se concordarmos que há justeza no termo, estaremos de frente a perguntas indigestas. O que pode e o que não pode ser feito em uma guerra? E o que pode ou não pode ser feito numa guerra quando estamos no meio dela?
Graças à Tropa de Elite, os holofotes sobre temas como direitos humanos, violência e pirataria foram amplificados. O filme desconcerta e promove discussão. Essa é a maior conquista que uma obra poderia ter.
Nota: 9,0 (de dez)
Marcadores: Cinema
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