quarta-feira, 8 de agosto de 2007

DURO DE MATAR 4.0


DURO DE ASSITIR


Parece que esse não é mesmo o ano das sequências. Elas continuam enchendo os bolsos de seus produtores, mas a crítica em geral não tem poupado avaliações negativas às produções de 2007. Quase todas foram consideradas inferiores aos filmes que sucederam, a exemplo de Piratas do Caribe 3, Shrek Terceiro, Homem-Aranha 3 e Treze Homens e um Novo Segredo. E agora, certamente (e infelizmente), Duro de Matar 4.0 entra na lista.
O roteiro deste quarto filme é baseado no artigo "A Farewell to Arms", tendo sido adaptado para que, mais uma vez, possamos assistir o azarado detetive John McClane numa trama envolvendo terroristas. Agora, a ameaça vem de dentro de casa, e todo o sistema de energia, transportes e comunicações dos Estados Unidos ficam à mercê do hacker Thomas Gabriel. Para pôr fim ao caos criado pelo vilão, McClane vai precisar da ajuda
de Matt Foster, vivido por Justin Long. O rapaz é o criador do algoritmo pelo qual o terrorista empreendeu seus planos. E como McClane é "um relógio de corda na era dos digitais", vai ter que levar o medroso Foster a tiracolo enquanto distribui paz e amor entre seus oponentes.
Duro de Matar 4.o é um filme que decepciona. E não merece fazer parte da franquia Duro de Matar. Quando o primeiro filme foi lançado, em 1988, chamou atenção pela criatividade das cenas de ação e pela presença de um herói bem diferente do padrão (elementos que, ainda hoje, fazem da explosão do Nakatomi Plaza uma das cenas mais memoráveis do cinema de ação). Preso e sozinho em um edifício tomado por terroristas, o nova-iorquino John McClane era um ser humano normal, que sentia dor ao receber um tiro e que chorava de medo frente a uma situação de absoluto desespero. Essa era a diferença que fazia o espectador realmente se importar com ele.
Já neste quarto filme, McClane não passa de um James Bond mais truculento.
Infalível e temerário, protagoniza cenas de ação que perdem de longe para a luta sobre a asa de um avião em Duro de Matar 2 ou mesmo o tiroteio dentro de um elevador em Duro de Matar 3. Pra piorar, ele é um herói perfeito contra um vilão apático.
O terrorista Thomas Gabriel é um oponente que não nos convence de sua capacidade de controle. Vivido burocraticamente por Timothy Olyphant, da série Deadwood, Gabriel passa boa parte do filme com olhos arregalados que insistem em nos dizer que "tudo corre como planejado", o que o próprio roteiro trata de desmitificar.
Quando o terrorista toma como refém a filha do mocinho, a tensão que poderia resultar daí cai por terra, pois logo em seqüência vemos John McClane partir pra cima de seus oponentes com ainda mais selvageria, deixando claro que não acredita nos colhões de seu algoz - no que ele está certíssimo. Os piores momentos do filme são justamente os que mostram Gabriel sendo desafiado por sua insolente e inverossímil refém. Por sua vez, me pergunto pra que serve esta personagem, já que a captura de Lucy McClane não parece ter a menor influência sobre a trama.
Nesta história toda, salva-se o personagem de Justin Long. Seu amedrontado hacker funciona bem como coadjuvante cômico, tem boa química com Bruce Willis e protagoniza uma divertida cena de roubo de carro.
Dirigido por Len Wiseman, este novo filme tem na destruição de um helicóptero sua cena mais alardeada, tendo aparecido em todas os trailers da produção. Mas convenhamos, o impacto destas e outras cenas seriam maiores se não fossem tão premeditadas.
Pra finalizar, um certo lamento pela ausência do compositor Michael Kamen, músico responsável pela trilha da franquia, morto em 2003 e aqui substituído por Marco Beltrani, que resgatou alguns dos motivos criados pelo saudoso músico.
Nota: 4 (de dez)

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6 Comentários:

Blogger Camilo disse...

Dom Cordeiro. Parabéns, gostei muito do texto. Bastante coeso, porém um pouquinho longo. Tem uns dois "parágrafozinhos" que poderiam sair sem maiores dores.
Mas está ótimo, principalmente na caracterização do personagem do Bruce Willis nos filmes que prescedem o quarto desta série. O personagem era a grande virtude desses filmes.E, baseado nisso, até me arrisco a dizer que a série seria melhor chamada de "O acaso vai me proteger" do que "Duro de matar". :)

8 de agosto de 2007 às 12:09  
Blogger Hgranger / Bee disse...

Bacana seu blog. Bacana seus textos.
Vc tem uma boa bagagem de cinema, e bom estilo ao escrever sobr isso.

Espero que tenha paciência para levar o projeto adiante.

Caso queira alguém para falar de filmes malucos, cabeça ou chatos que vcnão vai estar a fim de ver, tamos aí.

8 de agosto de 2007 às 13:18  
Blogger Unknown disse...

Sabidus Porretus não mais caminha sobre a terra, mas seus ensinamentos sempre farão parte da sabedoria humana. VEnho aqui elogiar a heresia do baluarte herdeiro de mesopotâmios Renato Cordeiro, neste instrumento de análise digital da cultura pop: o blog.

Só não concordei com o comentário sobre Piratas do Caribe 3. Este é infinitamente mais divertido que o terceiro, embora seja mais idiota que o primeiro. Mas eu achei mais divertido.

Sucesso com o blog.

8 de agosto de 2007 às 14:55  
Blogger Renato Cordeiro disse...

Pessoal, obrigado pelas opiniões. Também acho que fiz um texto bem longo, Camilo.
Vou procurar ser mais sintético. Economia vale ouro.

8 de agosto de 2007 às 17:09  
Blogger Galdir Reges disse...

curti o link para o video! ehhehe

9 de agosto de 2007 às 08:49  
Blogger Sr. Boaventura disse...

Eu concordo em parte com o teu argumento, meu caro Renato Cordeiro. Principalmente, quando fala da lástima de Willis ter se tornado uma mistura de James Bond + Ethan Hunt. No entanto, eu achei um bom filme e, sem dúvida, me diverti bastante com a quantidade de irrealidades apresentadas. Gostei bastante do personagem de Justin Long (muito melhor do que sua participação em filmes como A Hora do Rango), mas discordo novamente de sua pessoa quando fala sobre a cena do roubo, que achei fraca.

No mais, bjundas

24 de outubro de 2007 às 16:41  

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